STJ manda operadora custear Tiopepa (Tepadina), para tratamento de câncer, apesar de ainda não registrado na Anvisa, mas tendo a importação autorização pelo órgão, em caráter excepcional. Trata-se de decisão da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça.
Conforme decisão do colegiado, ainda que a importação excepcional não substitua o registro do medicamento, a autorização dada pela Anvisa evidencia a segurança sanitária do fármaco, pois pressupõe que houve a análise da autarquia em relação à sua validade e eficácia.
De certo que, cuida-se de situação que excepciona o Tema 990, firmado pelo STJ, segundo o qual as operadoras de plano de saúde não estão obrigadas a fornecer medicamento não registrado pela Anvisa.
A princípio, o pedido de fornecimento do medicamento – prescrito pelo médico da beneficiária do plano – foi julgado procedente em primeiro grau, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo, após o julgamento do Tema 990, entendeu ser legítima a negativa de cobertura pela operadora, pois o produto não tem registro na Anvisa. Na sequência, o STJ manda operadora custear Tiopepa (Tepadina).
De acordo com a relatora do recurso especial da beneficiária, ministra Nancy Andrighi, apontou que o raciocínio desenvolvido pela Segunda Seção no Tema 990 foi o de que a obrigatoriedade do registro ser essencial para a garantia da saúde pública, tendo em vista que ele atesta a segurança e a eficácia do medicamento.
Entretanto, no caso dos autos, a relatora ressaltou que o medicamento Thiotepa/Tepadina, embora ainda não registrado, recebeu permissão excepcional da Anvisa para ser importado, conforme consta da Instrução Normativa 1/2014 (item 28 do Anexo), desde que se destine a uso hospitalar ou sob prescrição médica, nos termos da Resolução Anvisa 28/2008 (item 22 do Anexo I).
Nas palavras da ministra, essa situação, além de afastar qualquer dúvida sobre a segurança do medicamento, exclui a ilicitude de sua aquisição, impedindo o enquadramento da conduta nas hipóteses do artigo 10, inciso IV, Lei 6.437/1977 e dos artigos 12 e 66 da Lei 6.360/1976.
“Diante dessa particularidade, cabe realizar a distinção (distinguishing) entre o entendimento firmado no REsp 1.712.163 e no REsp 1.726.563 e a hipótese concreta dos autos, para o fim de, adotando solução jurídica diversa daquela assentada por esta corte nos precedentes vinculantes, restabelecer a sentença que determinou a cobertura do tratamento oncológico prescrito à recorrente, com o fornecimento do medicamento Thiotepa (Tepadina) e todo o mais inerente à realização do procedimento, bem como o transplante de medula óssea, nos termos da prescrição médica“, concluiu a ministra.
STJ, REsp 1.923.107
Conteúdo informativo: Lopes & Giorno Advogados